domingo, 17 de maio de 2009

MEMÓRIA DO ROCK´N ROLL

OS PRIMÓRDIOS DO ROCK BRASILEIRO.


Foi tudo culpa desse “tal rock´n roll”, que desembarcou no Brasil, sem avisar... Quando Nora Ney saiu da fossa e “bombeou” com Rock Around the Clock, - de Bill Halley e seus Cometas, - em 24 de outubro de 1955, o Brasil entrou de vez na trilha do rock. Na época do lançamento de Rock Around The Clock, Nora Ney era a única cantora brasileira que falava inglês. Estava dado o primeiro – e fundamental – passo rumo à modernização da MPB.A musa da fossa caiu no embalo do rock e entrou para a História...


Lá fora, a BeatleMania mudava a história de uma geração. Aqui, tudo explodiria nos acordes dissonantes das guitarras da Jovem Guarda , deixando a garotada eletrizada e ávida por novos ritmos. A partir daí, tudo era válido. O Brasil transformou-se na “Casa do tal Rock´n Roll” e nossos jovens nunca mais foram os mesmos.


E foi assim que o rock tupiniquim frutificou, virando até chanchada – comédias brasileiras que costumavam lotar as matinês nos cinemas do Brasil, na década de 60. O ritmo alucinante estava no ar...


Na Pré-História do Rock Nacional, houve um tempo em que Cauby Peixoto atacou de Elvis e virou “Ron Cobby”, tentando consagrar-se ao trono de Rei do Rock Nacional. Houve também quem achasse que ritmo era tudo e, em 1957, surge um tal de Betinho e seu Conjunto, o primeiro conjunto do gênero no Brasil, que assim como surgiu, desapareceu, a bordo de um acordeon - um bicho estranho que, definitivamente, não combinava com rock -, deixando o primeiro e único sucesso, “Neurastênico”, que fez parte da trilha sonora da novela “Estúpido Cupido”, em 1974. Vale lembrar que a trilha sonora desta novela, resgatou vários sucessos de uma época onde os irmãos Tonny e Ceily Campello, ocupavam o trono de Reis do Rock . Sérgio Murilo atacava de “Broto Legal”, Demétrius explodia com “Ritmo da Chuva” e Wilson Miranda garantia que “Alguém é sempre bobo de alguém”, enquanto Ceily Campello transformava-se na primeira estrela do rock brasileiro, tomando “Banho de Lua” e colocando um certo “Estúpido Cupido” no topo das paradas de sucesso.


Em janeiro de 1958, surge a Juventude Transviada e a Imprensa dá destaque aos “transviados” alertando para os perigos do Rock and Roll. Os jovens começam a dedicar-se ao rock e, em programas de TV no Rio, surgem vários grupos de dubladores, fazendo mímica de sucessos americanos, misturando música e dança. Num desses grupos, surgiu um jovem que ficaria conhecido como Tony Tornado.


Enquanto isso, Nora Ney, a mulher que introduziu o frenético e esfuziante ritmo no Brasil, em uma adesão meteórica, voltou rapidinho aos braços saudosos dos clássicos samba-canções nacionais. De volta a essa trilha, deixou imortais pérolas da música de "dor de cotovelo". No rock ou na fossa, Nora Ney será sempre a tal.


ROCK´N ROLL É PREJUDICIAL À SAUDE...


Matéria publicada pela revista O Cruzeiro, em 18/08/1962:


“Rock´n´Roll causa hérnia de disco":


LONDRES E RIO – Notícias de Londres dizem que em uma semana, naquela metrópole, foram registrados mais de 200 casos de hérnia de disco em conseqüência de excessos praticados por dançarinos de “twist”.

Fatos como esse se repetem nas capitais onde a nova dança atrai legiões de aficcionados e não servem como advertência para os moços que buscam algo novo, através da linguagem dos gestos desarticulados por que se expressam. Enquanto isso, no Rio de Janeiro, uma aposta entre “virtuoses” do “twist”, levou a nova geração a interditar o trânsito para mostrar fibra, raça e habilidade. Dezenas dede moças e rapazes da geração típica, que está florindo na zona sul do Rio, em plena tarde, na hora do rush, pararam o tráfego da Avenida Copacabana, no cumprimento de uma aposta feita entre eles para testar até que ponto ia sua habilidade na execução do “twist”.” .


De acordo com líderes políticos, religiosos e pais de família, o "rock´n roll" era mesmo prejudicial a saúde e a integridade moral dos jovens. Mas a força do novo ritmo não se dobrou a ameaças e preconceitos. E nunca os terráqueos se mexeram tanto, em tão pouco tempo. Com ou sem risco de hérnia, a palavra de ordem era "dançar" e deixar fluir o Elvis que existia dentro de cada um.


E foi assim que esse "tal de rock´n roll" abriu suas asas e soltou suas feras, de norte a sul do país; e abriu uma importante página da História da Música Brasileira.


Fontes:

Almanaque da Jovem Guarda - Edição Especial CARAS - Outubro, 1996

No Embalo da Jovem Guarda - Ricardo Pugialli

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